A ginga da literatura negra: Machado de Assis e o jogo do jongo

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O mestre em Letras: Teoria, Crítica e Comparatismo, Ronald Augusto, realizou um estudo que revela a relação entre a escrita de Machado de Assis e elementos da cultura afro-brasileira. O crítico literário, Luiz Costa Lima, propõe uma nova perspectiva sobre o estilo do escritor, denominada dissimulação, que pode ser explicada como a transfiguração do modo específico de ser-no-mundo negro-brasileiro.

Costa Lima se refere a Machado de Assis como um “mestre de capoeira” por causa da aparente frivolidade, negaças e ironia presentes em suas crônicas para a Gazeta de Notícias. Segundo o teórico, a memória recebeu os golpes transfiguradores de sua ginga, “a capoeira da palavra”.

A dissimulação é um processo estruturante das formas de vida e pensamento dos negros no Brasil, segundo Henrique Freitas, que tem ideias sobre o conceito de literatura-terreiro. A dissimulação como resposta ao panoptismo colonial já estava presente na cosmogonia africana encontrada para sobreviver ao racismo epistêmico no Brasil, seja na capoeira, seja na feijoada ou ainda na abordagem encruzilhada dos orixás com os santos católicos.

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O jongo, festa dos jongueiros e técnica criada na região Africana do Congo-Angola, chegou ao Brasil trazido pelos negros escravizados. Os pontos ou cantigas são adivinhas em versos que o adversário precisa desatar ou desamarrar. Os jongueiros procuram vencer um ao outro através dos pontos enunciados aos integrantes da roda.

A influência na cultura negra brasileira

Os pontos são todos enigmáticos e metafóricos, estruturados em torno de formulações linguísticas que detonam a mutação semântica das palavras. Podemos perceber a importância da capoeira e jongo na cultura negra brasileira e como essas práticas influenciaram Machado de Assis em sua escrita.

Quem? Ronald Augusto
O quê? Conexão entre a escrita de Machado de Assis e aspectos da cultura afrodiaspórica brasileira
Como? Analisando as crônicas escritas por Machado de Assis para a Gazeta de Notícias, Luiz Costa Lima se refere ao autor como um “mestre de capoeira” por causa da aparente frivolidade, negaças e ironia presentes nas mesmas. A dissimulação é um processo estruturante das formas de vida e pensamento do negro no Brasil, que se relaciona com o pensamento vivo do corpo negro e suas estratégias de sobrevivência por meio de uma estética e eticidade radicalmente pansemióticas e conviviais.

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